Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

No caminho de casa.

Caminhamos lado a lado a caminho de casa. Paula roubou a coleira da minha mão, levando Brutus pelas calçadas.

- Ei, não fuja não, o que a Claudia te fez?- Perguntei, já estava prestes a cair dura de tamanha a curiosidade.

- Como você é curiosa – Paulinha riu, me olhando de canto de olho. – Mas ok, se prepare que eu vou contar.

Eu sorri, acompanhando uma risada sem jeito.

- Sempre fui curiosa... desculpa... mas agora conta.

- Ok, vamos lá... Claudia é minha ex namorada. – Me revelou rapidamente, normalmente, sem exitar, como se tivesse falando que estava com fome.

Enguli seco, minha cabeça se encheu de perguntas, de imagens.

- Ah. – Falei meio embabacada.

Paulinha riu. – Mas feche a boca. – falou erguendo a mão até meu queixo, e encenando fechar minha boca delicadamente.

- To de boca fechada... – disfarcei. – mas o que ela te fez? Por que virou ex?

- Ah, então... ela me iludiu. – Pausou um tempo – Era minha melhor amiga, depois disse que se apaixonou, passou meses tentando me convencer que nascemos uma para outra.

- eai...

- Eai que no fim era tudo farsa.

- Como assim? – franzi minhas sombrancelhas, com um pouco de raiva de Claudia.

- Assim, simples. – Paula demonstrava magoa na voz. – No final ela descobriu que era fase, que na verdade tinha confundido as coisas e que estava afim do Pedro, um garoto que estudava no mesmo colégio que nós.

- Nossaaaaaa – exclamei – que menina otaria. – Sem conseguir conter minha indignação. – e como você ficou?

Paulinha riu. – Ah anjo, no começo eu fiquei mal, mas o tempo passa, e uma coisa eu aprendi... sofrer de amor não mata... só fortalece... – sorriu.

- Que merda... – mordi meu lábio inferior. – Eu certamente teria socado a cara dessa menina.

Paula sorriu para mim. – Ah, e porque tu acha que eu fui expulsa do meu último colégio? – Soltou uma gargalhada imensa e alta.

Conversamos durante o caminho todo. Ela me contou que ficou apavorada quando descobriu sentimentos pela Claudia, me disse também que passou dias chorando após o primeiro beijo delas. Se achou uma mutante, uma pessoa impura. Sentiu vergonha de si e de seus atos, mas seu sentimento era maior e com o tempo percebeu que nada era errado. O único erro seria mentir para si mesmo sobre seu verdadeiro ser.

- Mas então você é sapatão, sapatão? – Perguntei na inocência.

- Hum... não sei o que é ser sapatão não sapatão, mas sim, eu gosto de meninas, somente de meninas. – Me respondeu calmamente.

- Mas nunca pegou um menino?

- Claro que já, eu tinha um peguinha, mas nada sério.

- E... – exitei por um momento. – e... você contou para seus pais?

- Claro, cheguei para eles no dia que tive a certeza da minha escolha. E voce? Contou para os seus?

Arregalei meus olhos.

- Contei o que para os meus?

- hum... você não é?

- O que? sapatao? – Perguntei espantada. – Claro que nãooooo... sou hetero... urg, até parece que beijaria meninas. – Parai de falar por um tempo. – Quer dizer... sem ofenças... cada um com sua escolha. – Ri meio sem graça.

Paulinha riu, me abraçou rapidamente pela lateral do meu corpo e me soltou.

- Relaxa... eu só achei que sei lá... – ficou um pouco pensativa – que você era... mas já entendi que não! – riu.

Chegamos em casa, Paulinha entrou, tomou um suco, brincou um pouco com o Brutus no quintal.

Ficamos conversando sobre besteiras, como roupas, bandas e programas de TV.

Um pouco antes de escurecer, o motorista de Paulinha veio busca-la.

Fiquei olhando para ela entrando no carro.

Engraçado, sem motivos, sem porque, eu senti um aperto, como se tivesse com saudades.