Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Quem?

Já estava começando a escurecer quando Paulinha me ligou. Primeiro eu gelei, depois fiquei sem jeito. Atende-la no telefone poderia machucar a Maxxie, mas meu querer era de dizer alo.

Pensei um pouco com o tel na mão, em seguida atendi, sempre cuidada pelo olhar de Maxxie.

- Eai. – Falei animada.

- Ei! – Paulinha do outro lado. – Olha só, primeiro deixa eu falar sobre a sua mensagem. Eu pensei em responde-la, mas não vou ficar de conversinha por texto, muito melhor você me ouvir. Eu realmente fiquei triste sim, na casa da Leka. – Pausou por um tempo, minha respiração estava alta, eu estava nervosa, o olhar de Maxxie estava me assustando.

- Hum... – Respondi, para que continuasse.

- Sei lá, não sou otária de dizer que não gosto de você, mas não combinamos. Somos amigas e assim é melhor ficarmos, fui infantil com sua namorada, vou melhorar. – Soltou uma risadinha. – Mas o nome dela é esquisito.

Ri sem vontade, meu coração mais uma vez se quebrou. Era horrível ouvi-la vomitar que não me queria.

- Não é, é lindo. – Dei uma baixa risada, só para mostrar que estava tranqüila. – Não queria te deixar triste. Mas que bom que você percebeu que estava apelando.

- Hum. – Respondeu seca. – Bom, a gente vai comer alguma coisa agora, lá no Leonardo’s, estão com fome?

- Sempre. Que horas lá?

- Daqui uns 5 minutos passamos ai busca-las. – Parou de falar, como se estivesse pensando. – Ou então venham de carro. – Riu. – Eu sempre esqueço que a Max tem carro.

Ignorei a provocação. Olhei para Maxxie e lhe perguntei o que achava melhor. Como eu esperava ela preferiu ir com seu próprio carro.

- A gente vai de carro mesmo. Daqui uns 15 minutos lá então. Beijo tchau.

- Isso. “Bêjo”. – E desligou o telefone.

Fui procurando roupa no armário e avisando aonde iríamos para Maxxie ao mesmo tempo. Como estava frio, peguei uma calça Jeans e um moleton vermelho, desses com gorro. Maxxie vestiu calça jeans e um casaquinho de lã rosa, desses com zíper no meio.

Nem pensamos em nos maquiar, apenas passamos gloss nos lábios e já seguimos para a petiscaria.

Ao chegarmos encontramos com Leka na mesa.

- Oiss... – Cheguei já pulando na minha melhor amiga e lhe dando um beijão na bochecha. – Senti saudades. –Ri.

- Ahhhh... também senti. Depois que vocês saíram a toa lá de casa achei que iam se enterrar em algum buraco até domingo.

- Até parece. – Ri. – Cadê Paulinha? – Passei os olhos, em busca da morena.

Maxxie se sentou de frente para Leka, o que faria eu me sentar de frente para Paula, assim que ela aparecesse. Me sentei, esperando Leka falar.

- Ela foi conversar com umas meninas, não sei bem ao certo quem são.

- Como assim? – Perguntei confusa.

- Uma menina veio aqui falar com ela, daí ela foi na mesa delas... – Sorriu, apontando para uma mesa um pouco afastada da nossa. – Lá ó.

Virei para vê-la, mas cruzei com o olhar de Maxxie. Fitei seus olhos castanhos esverdeados e me contive. Sorri para a minha surfista.

- Está com fome do que? – Perguntei, tentando amenizar a brabeza que acreditava estar assumindo seu corpo.

Ficamos conversando sobre bobagens, Maxxie estava tentando nos convencer de ir a uma boate, em uma cidadezinha próxima daqui. Na verdade eu não estava nem dando muita bola, estava querendo saber o que tanto queriam com a Paula.

- Demorei? – Uma voz familiar soou atrás de mim. Me virei, olhando Paulinha chegando na mesa. Ela estava extremamente linda. Estava com os cabelos bem lisos e soltos, batendo as pontas na curvinha das suas costas, quase alcançando seu cóccix. Seus olhos estavam tão azuis que pareciam holofotes, ela estava vestindo shorts jeans, meia calça preta, all star de cano alto pretos, com um moleton mais coladinho branco com caveiras e suspensórios pretos, dando um ar mais rebelde.

- Demorou. Estou com fome. – Respondi ainda embasbacada com sua beleza.

- Ah, desculpa amor. – Sorriu, abaixando seu corpo e me dando um beijo melado na bochecha. – Oi Maxxie. – Sorriu, talvez seu mais lindo sorriso. – Viu, aprendi seu nome.

- Isso quer dizer que falou bastante de mim hoje né? – Retrucou Maxxie, em um comentário extremamente desnecessário. Passei a mão no rosto, já esperando o segundo round da briga.

- Está correta. Você foi o assunto do meu dia. – Sorriu Paulinha. –Bom, quero um guaraná. –Já trocou de assunto, como se Maxxie não fosse ninguém.

- A Maxxie estava tentando nos convencer de irmos a uma danceteria amanha. – Disse Leka para Paulinha.

- Legal, e porque não vamos? – Perguntou erguendo a mão para o garçom.

- Ah, não sei... somos menores né? – Falei, tentando interagir normalmente com minhas amigas.

- Ah, isso é verdade mas consigo identidades falsas se precisarmos. – Sujeriu Paulinha.

- Não será preciso, eu conheço o dono, é só entrarmos. – Maxxie, sutilmente irritante.

- Olha ai... a Maxxie coloca a gente pra dentro. – Sorriu Paulinha olhando para Maxxie e depois me encarando nos olhos. – Eu topo.

- Então eu também. – Leka batendo na mão de Paula.

- Ah, eu vou né. – Ri, sendo interrompida pelo garçom que veio anotar nossos pedidos.

Pedimos porção de fritas, de mignon, refrigerantes, Maxxie pediu uma caipirinha de morango.

Conversamos sobre como seria essa tal boate, o que me deixou um pouco animada. Seria divertido. No meio do papo uma menina chegou na nossa mesa. Ela era bonita, tinha olhos e cabelos escuros, um sorriso marcante e um corpo cheio de curvas.

- Paula?! – Disse ela um pouco tímida.

- Ah, oi. – Respondeu Paulinha, olhando-a.

- Acho que anotei seu cell errado, olha aqui. – Mostrou o celular para Paulinha.

- Errou mesmo, é 3 e não 6. – Sorriu.

- Ah, por isso que estava mandando mensagem para você e não te via mexer no celular.

Paulinha riu, passou o polegar pela sobrancelha.

- Ah, olha só... amanhã vamos a uma balada em Monte Verde, aqui do lado. Tá afim?

- Claro, vou falar com as meninas e te ligo. – Disse a morena de olhos escuros.

- Tá. – Sorriu Paulinha se despedindo da menina que logo saiu da nossa mesa.

Ficamos olhando-a, esperando que nos falasse alguma coisa.

- Que foi gente? – Disse Paula rindo.

- Quem é ela? – Perguntei sem conseguir disfarçar o encomodo.

- Pois então, cheguei aqui hoje e uma amiga dela veio falar que tinha uma pessoa que queria me conhecer. Fui lá ver quem era e era essa louca ai. – Riu.

- Linda ela. – Disse Maxxie.

- É, é bonitinha. – Paulinha sorriu. – Ai ela pediu meu telefone e foi isso. – Riu.

- Você demorou muito para ter dado só o telefone Paula. – Zoou Leka.

- Hum... conversei um pouco. – Respondeu Paulinha, tomando um gole de guaraná.

O assunto acabou por ali mesmo. Conversamos sobre outras coisas. Por varias vezes peguei Paulinha olhando para mim enquanto comíamos.

Eu estava confusa, estava com medo, sentia um coçar na garganta, como se fosse preciso chorar. Não estava mais entendendo nada. Melhor dizendo, eu não queria mais pensar em nada.

Terminamos e fomos para casa, Leka e Paula foram para fazenda. Maxxie e eu para minha casa.

No caminho percebi que Maxxie queria dizer algo, mas eu estava tão cansada que não lhe dei abertura nenhuma. Ao chegarmos meus pais estavam na sala, conversamos rapidamente com eles e subimos. Meu quarto estava arrumado, minha cama para mim e um colchão no chão para Maxxie.

Não conversamos muito, nos deitamos e logo adormeci.