Fanfic: ♠ Talvez. (terminada)

Algum tempo depois.

Os dias foram passando rapidamente, Paulinha vinha se tornando essencial nas nossas vidas, já nem lembrávamos que um dia éramos uma dupla, parecia que sempre existiram três. Estávamos tão grudadas que mal passávamos as noites sozinhas, quase 4 vezes por semana revezávamos as casas em que dormiríamos.

No colégio sentávamos no nosso cantinho, eu na parede, Leka na minha frente e Paula ao meu lado. Na sala de aula não conversávamos muito, Leka gostava de prestar atenção no que os professores falavam.

Eu também me desligava um pouco da vida social e tentava aprender o máximo que conseguia. Paulinha por sua vez, insistia em ficar rabiscando aquele caderno, ela começava com escritas, depois desenhava, ai fazia contas, era uma loucura. As vezes me pegava espionando o que nele havia, mas me perdia entre flechas e poesias. Estranho era entender que mesmo displicente, Paulinha tirava as melhores notas da sala, ao contrario de mim, que adorava uma recuperação no final do ano.

Dois meses haviam se passado, mas pelas nossas contas foram mais que uma vida, uma não, três.

Como de costume, sexta feiras íamos diretamente da escola para a fazenda dos avós de Paulinha, aonde essa morava. Douglas, seu motorista, buscava-nos na Escola, já com sanduiches no carro. Comíamos pelo caminho, mesmo sabendo que em 20 minutos estaríamos na casa.

Paulinha sentava-se no banco da frente, Leka e eu íamos apavorando no banco de trás. Volte e meia eu  enfiava meu dedo na orelha de Paula, que se virava enfurecida para trás, me dando tapas.

Nos divertíamos o tempo todo. As vezes me dava ciúmes em ver Leka e Paulinha tão ligadas. Mas nada que não passasse rapidamente.

Ao chegarmos Dona Fátima, avó de Paula, veio nos recepcionar com empolgação.

- Meninas do meu coração! – Disse a simpática senhora, que vestia calças de tecido marfim e camisa azul Royal.

- Vózinha!!! – Logo falei, abraçando-a com carinho.

- Ei... a vó é minha! – Me empurrou Paula, abraçando apertado sua avó, sem solta-la.

- Ok, eu dou oi de longe então – Brincou Leka, rindo.

Entramos na casa conversando com D. Fátima, ela nos contou que Ralph entrou no lago novamente e estava cheirando a peixe morto, só esperando pela sua dona para lava-lo. Claro que Leka e Paula adoraram a idéia, eu que me cansei só de imaginar na gente esfregando aquele São Bernardo enorme.

Subimos até o quarto de Paula, deixamos nossas mochilas e trocamos nossas roupas. Como iríamos lavar o cão, colocamos shorts e regatas.

Paula estava na janela, gritando para Ralph, que pulava como um cachorro magrinho pelo quintal. Terminei de escovar meus dentes e me aproximei por trás de Paula.

- Oi – falei baixinho, perto da sua orelha.

Paula levou um susto que me fez sentir o tremor do seu corpo. Eu ri, olhando para ela.

- Eita... ta assustada heim. – Brinquei.

- Nada.. é que tava distraída, tá? – Me respondeu, fazendo uma careta bonitinha.

Sorri para Paulinha, afastando meu corpo do seu e também da janela.

- Cara, eu não canso de dizer... essa sua foto tá muito engraçada. – Disse Leka saindo do banheiro e apontando para um quadro fotográfico enorme, em que Paula vestia roupas de cowgirl, acredito que ela deveria ter por volta de 8, 9 anos.

- Ah, você só me zoa! – Riu Paula, puxando Leka pela mão para a porta do quarto. – Vamos! O Ralph está esperando.

Olhei para elas saindo do quarto, segui-as, amarrando meus longos cabelos claros.