Fanfic: Web-Herança do Amor

Um pequeno demônio a incitou a dizer, num tom sério:
— E por que não? Cada um segue o seu próprio caminho, respeitando o do outro.
O rosto de Alfonso era a caricatura da repugnância.
— Dio mio! Você deveria abandonar esse homem o mais rápido possível. Mulher minha não se arrisca dessa maneira sem que eu esteja por perto. Eu jamais deixaria.
— Deixaria? Deixaria? Em que século você vive?
— Num em que uma coisa dessas simplesmente não pode acontecer. Mas você não está falando sério, está? Não me diga que esse modelo de entediante virtude realmente existe.
— Não, ele não existe — disse Anahi com um suspiro melodramático. — Mas eu sonho um dia encontrá-lo.

— É claro que sim. E você bem que merecia que ele fosse do jeitinho que acabou de descrever.
— E quanto a você? Pretende prosseguir sem vínculos para sempre?
— Pelo menos por algum tempo, com certeza. Os vínculos serão bem-vindos... um dia.
— Não, acho que você vai morrer sendo um homem livre porque é isso o que a vida significa para você.
Ele ergueu a taça, num brinde.
— Muito inteligente de sua parte. Anahi ergueu a sua taça em resposta.
— Então, é melhor ter cuidado com o que diz. Eu enxergo tudo. Sou uma feiticeira.
Ele a fitou em meio às sombras.
— Não — disse Alfonso suavemente. — Você não é uma feiticeira, mas sim uma gata... Uma gata de pelo macio, muito graciosa, e de encantadores olhos ver azuis.
— Cuidado com as minhas garras — disse ela, tentando ocultar a chama de prazer que aquele elogio havia acendido dentro dela.
— Acho que vou correr o risco. É muito bom poder conversar com alguém que entende o que é a liberdade. Embora saiba que isso pode me custar bem caro, eu preciso perguntar: por que é que está sozinha? Os homens que você conheceu, por acaso, são cegos?
— Talvez eles nem sempre gostem daquilo que vêem — ponderou ela. — Ele disse que preferia uma mulher com "um pouco mais de carne". Alfonso assentiu, sendo suficientemente sensato para não perguntar quem era "ele".
— Pelo jeito, trata-se de um inglês — observou Alfonso. — Essa é a maneira encantadora que eles têm de se comutar. Mas você fala dele no passado...
— Um belo dia, ele simplesmente não compareceu a de nossos encontros, e eu nunca mais soube dele.
— Você se livrou de uma boa e ainda se poupou do trabalho de ter que terminar com ele.
— Como é que você sabia que eu ia dar o fora nele? Ele fez uma careta.
— Você tem bom gosto demais para tolerar uma criatura sórdida como essa por muito tempo. Além do mais, nunca irá encontrar o homem perfeito, simplesmente por que não o está procurando.