Sinopse: felicidade
FELICIDADE CLANDESTINA
Era linda, alta, cabelos negros, lisos, uma pele de pêssego. Tinha um corpo lindo, escultural, totalmente definido, enquanto nós éramos totalmente normais, sem definição. e além disso vivia com a bolsa cheia de cremes, maquiagens e perfumes. E possuía tudo que nós meninas/adolescentes gostaríamos de ter: sua mãe era dona da maior e mais chique lanchonete da cidade.
Mas não dava importância. Suas festas de aniversário eram feitas na lanchonete, mas só convidava meninas de outras escolas e ainda fazia questão de nos mostrar o convite e o que teria no buffet.
Mas ao invés de alegre, pelo que tinha, era uma menina amarga. Tinha um olhar de desprezo conosco. Como poderia nos odiar, nós éramos fininhas, em definição ainda, corpo normal. Comigo foi muito má, por saber que tinha muita vontade de conhecer e frequentar aquele ambiente, que para mim era incrível, ter uma tarde de alegria com minhas amigas na lanchonete, nem me dava conta que era pura humilhação o que me fazia passar: todos os dias perguntava se poderia acompanha-la até a lanchonete.
Um belo dia começou a me deixar ir com ela até a porta da lanchonete, sempre dizendo que até chegarmos lá ia decidir se me convidaria para entrar ou não.
Todos os dias saíamos da escola e andava contente com água na boca, todas as vezes , chegando lá me dizia: "Hoje não estou com vontade, talvez amanhã; saí devagar, com a cabeça baixa, mas no dia seguinte lá estava esperando novamente, para mais uma vez me dizer que não. Mas era uma menina diabólica, fazia tudo para me ter ao seu redor. E isso se repetiu por vários dias.
E continuou. Por dias, semanas. Já estava imaginando quanto tempo ficaria indo e vindo, na esperança de conseguir entrar naquele lugar lindo, que eu não teria condições de pagar.
Quanto tempo? Todos os dias continuava acompanhando aquela menina e nada, às vezes me dizia, que se tivesse aparecido em sua casa pela manhã, teria ido com ela a lanchonete. Mas era só maldade.
Semanas se passaram, até que um dia estava acompanhando a menina e, como sempre, quando chegamos em frente a lanchonete, e ela me diz que não estava mais com vontade e que talvez outro dia, é então que o pai da menina, indignado com a atitude da filha, pergunta: -"Por que a dias sua amiga vem até a porta e você não a convida para tomar um Milk shake?" Então entendendo o que se passava o pai dela diz:-"Convide-a para entrar e as outras meninas que estão ali olhando também, mais tarde conversaremos sobre sua atitude e seu castigo."
Nas semanas que se seguiram continuamos a ser convidadas por ela para a lanchonete,com estranhamento aceitávamos, pois a atitude mudou completamente, parecia outra menina. A conversa dela com o pai naquele dia surtiu efeito positivo ao menos aos nossos olhos.
Eu estava maravilhada, olhando aquele lugar, só sorria e olhava em volta, tudo tão lindo, cada vez que era servido o Milk Shake não falava, nem bebia, só ficava olhando aquele copo lindo, e então provei, hum, era uma delícia, uma felicidade totalmente diferente, uma felicidade clandestina o que senti naquele momento, pois achei que nunca entraria naquele lugar.
Muitas vezes fiquei sentada por horas no balcão só olhando e sentindo a mais sincera felicidade.
Não era mais uma menina esperando um convite, era uma mulher com sua felicidade.
Autor(a): suzan_alves