Fanfics Brasil - Sinopse de

Sinopse: Letras - Felicidade Evidente




Já não era mais uma criança, mas ainda tinha o andar desengonçado da infância. Seu corpo rechonchudo e pesado, abrigavam largas camisetas, na ânsia de esconder o volumoso busto. Na boca, o aparelho, nos olhos, o óculos de grossa lente, na pele, as marcas de espinha declarando a adolescência e seus cabelos bagunçados no vivido tom laranja.
A cada passo, um motivo de chacota. Tinha como paixão a leitura, seus amigos eram os poucos livros da velha biblioteca da escola, seu abrigo entre as estantes puídas, fugindo dos tristes risos da realidade.
A popular da escola, além dos sedosos cabelos cor de ouro e o corpo esguio, possuía o que ela, avida por leitura desejaria ter ; um pai, não só um pai, mas um pai dono de livraria.
E nada aproveitava, destinava seu tempo a crueldade com os que considerava indignos de compartilhar o mesmo ar que ela.
Espalhava, com seu olhar diabólico, palavras ásperas junto aos papeis das balas que chupava, quando não estava se gabando dos livros que seu pai lhe dava.
Veio diretamente a mim, em uma tarde se sol, informar sobre a coleção recém ganhada, a coleção do sitio do pica pau amarelo, de Monteiro Lobato.
Uma serie de vinte e três volumes que eu daria os dias para ler, daria ate as moedas do pão para ter a oportunidade de toca-los. Era um sonho, sonho inalcançável, não tínhamos esses livros em nossa escola e eu não tinha dinheiro para compra-los, meus olhos brilhavam imaginando-os e me permiti sorrir, ainda que com tristeza, ao lembrar de uma historia contada pela professora, da pequena boneca de pano que se transformava em uma tagarela aventureira no reino onde toda a magia fazia morada.
Disse-me em tom rude, para deixar de sonhar acordada feito uma pamonha e ir a livraria no dia seguinte, que ela me emprestaria A menina do narizinho arrebitado.
Fiquei paralisada, venerando com nobreza a bondade da menina má. Eu estava tomada por alegria, meu caminhar suavizava entre as ruas esburacadas, me tornara brisa de primavera, soprando felicidade.
No dia marcado, após a aula corri em tropeços para o lugar combinado, quando apareci na porta, ela pediu que eu esperasse lá fora. Esperei, acho mesmo que por horas, diferente do dia anterior, Recife tinha um sol escaldante, sentia minha pele queimar, eu esperaria, pelo livro. Havia sonhado com ele, durante a noite. E sonhava com ele, ali, recostada na vitrine contemplando aquele universo encantador.
Quando finalmente apareceu, não tinha em mãos o tão sonhado livro, com olhos impiedosos olhou nos meus e disse que havia emprestado a outra garota e que voltasse no dia seguinte para busca-lo.
Segurei as lagrimas e acordei a esperança dentro de mim.
Seu plano maquiavélico me fez repetir a cena por mais dias, não sei quantos, foram muitos e incansáveis. A tristeza de ser piada mais uma vez me fez chorar na sua frente e ela, sorria me vendo sofrer.
A apareceu a porta, com olhar enigmático, perguntando-nos o que estava acontecendo, porque eu havia estado ali nos outros dias e hoje estava chorando.
Faltou-me ar, faltou-me palavras, de mim, só se ouvia soluções de choro nada contido, de um choro humilhado.
Voltando-se para a filha, exigiu uma explicação. A explicação é de que eu mendigava seus livros e ela estava cansada de me mandar embora de lá, revirando os olhos com ar de desdém.
a mãe se virou para mim, colocando delicadamente a mão em meu ombro, pedindo que eu a acompanhasse.
Tive medo de segui-la, mas confiei em seu toque de aconchego.
Entrei no salão iluminado, repleto de livros com cheiro de calmaria. Meus olhos faiscavam com adoração, enquanto secava discretamente as lagrimas por trás dos óculos. Fui questionada sobre qual livro a filha havia prometido, respondi com palavras soluçadas que era o primeiro da serie do sitio do pica pau amarelo. Seu rosto se fez triste, imagino por descobrir o quão cruel a filha podia ser. Ordenou-lhe, então que embrulhasse sua coleção e me presenteasse. Meus olhos cruzaram com os dela e pude sentir sua ira e ela pode sentir minha confusão.
Entendem ? Seriam meus, todos aqueles livros , aqueles tesouros, seriam meus.
Meu coração estava palpitante, como se fosse fugir do peito a qualquer instante, eu não sabia como agradecer, como aceitar e junto ao embrulho o pedido de desculpa.
Andei pelas ruas como se flutuasse nos mares, carregava o pesado embrulho sem sentir seu peso, eu flutuava, com o sonho nas mãos.
Chegando em casa, desabei no chão, espalhando-os por toda parte, sorrindo com êxtase.
Me permiti abraçar e beijar cada um deles como quem abraça com paixão.
De esperança a de tristeza, estava aos braços com minha felicidade evidente.
Eu os respirava, observava como uma garota olhando o primeiro namorado. Eu estava apaixonada e não era mais a menina com livros, era a mulher dona do amor.

Autor(a): Usuario_Removido
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