Sinopse: Felicidade clandestina e a beleza de uma nova amizade
Catarina era filha do dono da livraria. Era uma pessoa com a auto estima baixa, por ser gorda de se achar feia. Não permitia aproximação dos seus colegas, até que Mariana lhe pediu um livro emprestado.
Felicidade clandestina e a beleza de uma nova amizade
Era uma semana diferente, eu era a feia da escola, gorda, ninguém queira me ter como amiga. Minhas colegas eram magras, bonitas, cabelos esbeltos. Todas sabiam que meu pai era o dono da livraria, isso para mim era algo proveitoso, pois todas tinham inveja de mim porque eu podia ler o livro que queria, e eu aproveitava dessa situação para esnobar um pouco de todos da escola. Se eu não podia ser bonita ao menos podia ser a mais inteligente. Chata, mas inteligente.
Naquela semana, uma das meninas lindas ousou a falar comigo. Eu não dava oportunidade para ninguém delas dirigir a palavra a mim. Mas aquela menina, loira, olhos verdes, magra, linda, veio falar comigo. Era queria um livro emprestado.
Como pode ser tão atrevida!
Mas o que me chamou atenção nela é que ela foi educada, não me tratou com desdém como algumas pessoas haviam me tratado semana passada. Ela me tratou com respeito, mas claro, ela queria algo: um livro emprestado.
Essa era a hora de me vingar de todos! Há,há,há,há.
Falei a ela que podia ir na minha casa buscar o livro que eu iria emprestar, ela ficou tão feliz. Pena que não sabe o que a espera! Coitada.
Na tarde seguinte ela foi na minha casa, como prometera:
- Olá Catarina, vim buscar o livro que você disse que ia me emprestar.
-Oi, quem é você? Digo: qual é seu nome mesmo?
- Sou a Mariana, faz pouco tempo que entrei na escola. Me disseram que seu pai tem uma livraria e eu tenho tanto desejo de ler “Reinações de Narizinho” de Monteiro Lobato. Imaginei que você tivesse e acertei, logo, você pediu para eu vir hoje buscar. Você tem uma casa linda.
- Você conversa de mais Mariana. Olha o livro não está comigo. Emprestei para outra pessoa. Venha buscar amanhã no mesmo horário.
-Está bem!
Percebi que ela ficou meio triste, fui um pouco grossa mesmo. Mas ela vai ter mais.
No dia seguinte eu estava brincando com um gato e da janela avistei ela vindo de novo pulando pela rua, parecia contente, mas vai voltar triste de novo, coitadinha. Ela me viu e está acenando, vou fazer ela esperar um pouco.
Bateu na porta e depois de cinco minutos fui abrir.
-Ah, é você de novo. O livro não está comigo, até que estive com ele hoje pela manhã, mas outra pessoa me pediu e emprestei novamente. Você demorou vir buscar. Volte amanhã.
- Tudo bem Catarina, pelo menos você tem muitos amigos e pode emprestar seus livros para eles.
Bati a porta e saí correndo.
- Nossa! Ela não está de bom humor hoje, não falei nada demais.
Não entendi a minha reação repentina, fui mal-educada de novo, mas não estava nos meus planos fazer aquilo. Estou me sentindo bem triste. A verdade é que não tenho amigos, só meu gatinho. Ela parece ter um monte e ser feliz... olha lá como vai pulado pela rua.
No dia seguinte, ela estava de novo na minha porta, antes de abrir, minha mãe perguntou quem era e porque ela vinha tantas vezes e eu não a convidava para entrar. Eu tentei inventar algo para minha mãe, mas ela quis ir atender a porta e saber quem era.
- Oi senhora, a Catarina está?
-Sim, mocinha, ela está. O que você veio fazer aqui.
- Vim buscar o livro que ela prometeu me emprestar, mas já fazem dois dias está emprestado para outras pessoas.
-Qual livro seria esse Catarina?
-Reinações de Narizinho, mamãe.
-Mas esse livro nunca saiu daqui de casa e você nunca quis ler ele. Porque inventou essa história toda, Catarina?
-Por que eu queria me vingar, mamãe, todos na escola não dão a mínima para mim e ela veio falar comigo pedindo o livro e pensei que poderia fazer ela de besta. Assim, todo iriam aprender me respeitar, mesmo eu sendo feia e gorda.
-Peraí Catarina, eu não te acho feia coisa nenhuma, pelo contrário, você que se afasta de todos na escola. Não precisa se sentir assim e nem precisava fazer isso comigo. Olha, se você quiser eu posso ser sua amiga.
-Sério? Mas e a chatice que eu fiz com você, esse é motivo suficiente pra você me odiar.
-Realmente não foi certo o que você fez, mas se você pedir desculpas e prometer que não vai mais fazer isso com ninguém, eu serei sua amiga.
-Isso mesmo Catarina, você deve desculpas a sua colega. E não pense que vai se livrar do castigo pelo que fez. Isso foi muito errado e eu espero que não se repita mais.
-Desculpa mariana, desculpa mamãe, prometo não fazer mais isso.
-Então vai buscar o livro para sua nova amiga e vamos juntas tomar um delicioso lanche.
-Está aqui o livro Mariana, pode ficar com ele pelo tempo que precisar.
-Obrigada Catarina. Olha você deve se achar bonita antes que qualquer outra pessoa. Não é só porque você tem uns quilinhos a mais que você deixa de ser especial. A beleza está dentro de você, é só você deixar ela sair.
Naquela tarde foi o lanche mais divertido da minha vida. Eu tenho uma nova amiga, e agora sou feliz. Vamos fazer muitas coisas legais juntas e eu não serei mais chata com ninguém na escola. Percebi que posso ser uma pessoa melhor e ter muitos amigos.
Autor(a): carneirothaismicaela