Sinopse: felicidade fictícia
FELICIDADE FICTÍCIA
Uma moça tímida, gorda, baixa, sardenta e de cabelos crespos, meio arruivados. Vivia sempre só. Poucas pessoas se aproximavam, e aquelas que se aproximavam logo se distanciavam pela falta de reciprocidade, uma vez que permanecia calada fechada na sua timidez.
Ela gostava muito de ler. Passava horas e horas na biblioteca. Para nós os livros da biblioteca já não despertavam mais interesse. Já havíamos explorado a maioria deles. Certo dia, apareceu na escola com um livro grosso, muito lindo. Para minha surpresa, era As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
Meu Deus era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Não resisti e pedi emprestado. Ela com sua voz tímida disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Ela mandou-me entrar, sentei-me no sofá. Entregou-me o livro, o qual abracei e não via a hora de devorá-lo. Ela só me observava, viu a alegria em meus olhos.
Conversamos muito no sofá da sua casa e nesse dia, pude perceber que ela só precisava de uma mão amiga, que ela não era tudo aquilo que aparentava ser, que no fundo ela era amiga sim e tinha muito a contribuir. Na verdade, ela se sentia feia, isolada e não tinha coragem de interagir. Era muito tímida, achava que ninguém gostava dela, que ninguém suportava ficar perto dela.
A partir do momento que sentamos, conversamos, nos tornamos amigas e ela pode perceber que também era aceita por todos e que deveria ser mais gentil, para então fazer amizades mais facilmente e aproveitar essa infância maravilhosa que temos pela frente.
Autor(a): julia_mahl