Sinopse: Quimera
Em Serra dos Cavalos, fictícia cidade serrana da região sudeste, se inicia nossa história. A história de uma quimera. O ano é o de 1870 e Assírio Strauss retorna a cidade após dez anos de estudo na Áustria.
Seu pai, o sexagenário Sebastião Strauss, ficou rico após ter se casado com a atriz e cantora lírica austríaca Paulina Strauss, que numa temporada no Brasil conheceu o escravo, comprou sua liberdade e o levou para a Áustria. Com a morte da cantora, após o parto de Assírio, Sebastião herdou a fortuna de Paulina e voltou ao Brasil, se estabelecendo em Serra dos Cavalos. Construiu um palacete e uma Fábrica de Pólvora. Mesmo rico e poderoso, enfrenta o preconceito da sociedade.
Assírio volta da Áustria exatamente como seu pai desejara: letrado, esclarecido e maduro, além de exímio pianista e conhecedor de vários idiomas. Seria impossível para qualquer um, vendo aquele belo jovem de pele morena e cabelos negros ondulados, imaginar que o mesmo era filho legítimo de um ex-escravo oriundo da Guiné. No Palacete Strauss e na Fábrica de Pólvora não há escravos. Todos os empregados são negros, mas livres e pagos pelos serviços prestados.
Assírio reencontra os amigos de infância: Álvaro Lisboa, poeta e jornalista da Gazeta de Serra dos Cavalos; Manoel Chevalier, estudante de Direito na Corte e filho dos franceses Maurice Chevalier e Mdme. Clementiny, donos do Hotel Francês; Tenório Peixoto, professor de latim e sobrinho do Padre Ovídio, pároco da cidade; e Tobias de Castilhos, estudante de Medicina na Corte e filho do Dr. Heitor de Castilhos, padrinho de Assírio e renomado médico da cidade.
Heitor de Castilhos é casado com D. Adelaide. Além de Tobias, o casal tem uma filha adolescente de nome Alcina. A escrava Badira e seu irmão Bento servem na casa do médico. Tobias e Badira mantêm um romance secreto.
Assírio também nutre um profundo carinho por Eugênio, advogado da família Strauss. Eugênio Vidal é afilhado de Sebastião, que o adotara desde a morte da mãe do mesmo, uma negra livre que trabalhava na Fábrica de Pólvora. O velho Strauss pagara os estudos do afilhado na Corte e este, mesmo com apenas trinta e cinco anos, já é casado com uma também filha de ex-escravos chamada Mônina. Ambos têm uma filha de quinze anos chamada Didá.
Eugênio faz parte do movimento abolicionista da cidade, juntamente com Tobias, Manuel, Tenório e Álvaro. Formam eles um grupo que já promoveu a fuga de dezenas de escravos da região. Os cativos são enviados a quilombos ou a regiões mais afastadas do país, onde são providenciadas suas alforrias. Um dos principais alvos do grupo de abolicionistas liderado pelo jornalista Álvaro Lisboa é a imponente Fazenda Mata Cavalos, de propriedade do fidalgo D. Diogo Ribeiro Vilhena.
A Fazenda Mata Cavalos se localiza na raiz da serra, nas proximidades da Fábrica de Pólvora Strauss. D. Geronça é esposa de D. Diogo e utiliza a bela várzea em torno da casa-grande para o cultivo de cravos e outras flores. Os cativos Leão, Honório, Casimira e Aurélia trabalham no cultivo do jardim e em outros serviços domésticos. O restante da escravaria, com exceção de Auta, cozinheira da casa-grande, e sua ajudante Benedita, penam nas lavouras de café e nas mãos de Arcanjo, feitor da Mata Cavalos.
D. Diogo e sua esposa são famosos pela inclemência com que tratam seus escravos. São constantes as mortes de negros levados freqüentemente a polé (jogo de cordas e roldana que mantinha o escravo suspenso pelas mãos, com pesos de ferro nos pés), numa casa de pedra da fazenda onde terríveis suplícios são aplicados nos escravos desobedientes, principalmente nos irmãos Silvestre, Nuno, Emiliano e Sátiro, que teimam em desafiar o poder de mando do feitor. Floriano, filho único de D. Diogo e D. Geronça, vive na Capital do Império, onde estuda Engenharia, mas D. Diogo o quer a seu lado, sendo preparado para substituí-lo.
Numa cavalgada pela raiz da serra, Assírio conhece Lorena de Castro, filha do Barão da Serra. A família Castro reside numa pitoresca vivenda de Serra dos Cavalos, mas o barão perdeu grande parte de seu patrimônio com o vício das cartas e Sebastião Strauss costuma chamá-lo de "Barão de Serra Nenhuma". Além de Lorena, com quinze anos incompletos, o barão tem o primogênito Guilherme, Major da Guarda Nacional de Serra dos Cavalos. Fabíola, sobrinha do barão, tem dezoito anos e mora com os tios desde a morte de seus pais.
Ercília, esposa do barão, é irmã de D. Geronça e são constantes os dissabores entre seus maridos. D. Diogo desaprova a conduta do barão, que se arruinou mergulhado na jogatina. O barão, mesmo na bancarrota, não perde a sua pose de aristocrata e não admite interferências. Lorena é a pupila dos tios.
Ao cavalgar pela fazenda dos tios, o cavalo de Lorena se assusta e sai em disparada. Sua sorte é a intervenção de Assírio, que a salva de um possível acidente mortal. Ambos se apaixonam ao primeiro olhar...
Autor(a): marcosrogerio