Fanfics Brasil - Capítulo 2 - Laços com o Clã Arcadia Clan

Fanfic: Arcadia Clan | Tema: Lobisomem


Capítulo: Capítulo 2 - Laços com o Clã

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Bruno: E que lugar é esse? Diga! 


Lobisomem algemado: Elas estão numa antiga casa no centro da cidade. Não faremos nenhum mal à ela, desde que você vá até lá hoje ao anoitecer.


Um dos soldados: Bruno, vai querer que levemos este Guevaud para interrogatório?


Bruno ao ouvir pretende saber mais coisas, mas sua mente é tomada pela sua preocupação com Beatrice e Milena. Ele começa a lembrar de quando eles se reencontraram em Saboya. Imerso em seus pensamentos, porém, Roman tenta chamar sua atenção.


Roman: Bruno! Bruno! - Chama por seu amigo, mas ao ver seu amigo quieto, decide dar ordens em seu lugar. - Levem-no agora, eu irei participar do interrogatório. Eu e o Bruno os seguiremos. Vão.


Os soldados em seguida retiram-se, levando o lobisomem algemado junto deles, que é levado carregado nos ombros de um dos soldados. Os soldados correm de forma a serem tão rápidos quanto um carro, em direção à delegacia do gueto. 


Roman: Bruno, os soldados o levaram até a delegacia. Vamos


Bruno: Tá... tudo bem.


Um pouco depois dos soldados partirem, Bruno e Roman escalam a mureta da casa com saltos e seguem os soldados pelo rastro do cheiro deles. Os dois jovens os seguem pulando pelas telhas das outras casas, correndo sob a forma humana ainda. Durante o caminho, Bruno lembra de seu reencontro com Beatrice em Saboya no início daquele mesmo ano, 2000. Eles são amigos de infância, quando Bruno e seu irmão viviam com o pai deles na aldeia do Clã, e eles conheceram Beatrice junto a outras crianças numa cidade próxima da aldeia: Arveno, de onde Bea vêm. Aos dez aos de idade, porém, Bruno mudou-se para Saboya, e só reencontrou sua amiga oito anos depois.


Roman: Bruno, está tudo bem contigo?


Bruno: Sim. - Diz num tom cabisbaixo. - Estou.


Roman: Sei que está mentindo. 


Bruno: Estou preocupado com elas, cara.


Roman: Eu sei que elas são suas amigas, e irei salvá-las contigo.


Bruno: Mas pelo o que vejo, eles querem a minha presença. Vejo que o problema deva ser comigo, ou com a família real. Não vá. Irá se por em risco.


Roman: Eu não pedi sua permissão. Não estou indo como um soldado, estou indo como seu amigo. Assim como eu faria o mesmo por você, sei que faria por mim, e está fazendo por elas, por isso irei ao lugar junto de você.


Logo em seguida, eles chegam em frente a delegacia do Clã, que é na verdade um modesto casebre. Eles saltam da casa que está de frente e caem erguidos no chão. Logo em seguida entram e são levados a uma sala, onde o lobisomem algemado está sentado numa mesa, e os dois soldados que estavam o levando estão do lado de fora e dizem que o xerife logo virá. O xerife, nos guetos do Clã Arcadia, são os responsáveis por administrá-lo e manter o rei informado das necessidades particulares do gueto que chefiam. Um homem alto entra na delegacia, usando um uniforme com o emblema do Clã. Ele tem barba por fazer, cabelo castanho escuro e curto (quase careca) com entrada expondo bem sua testa. Sua íris é cinza, pele branca, corpo robusto e atlético, aparentando ter uns quarenta anos. Os outros dois soldados e o Roman mostram respeito fazendo continência.


Bruno: (olhando o Roman) Por que está assim?


Roman: Se esqueceu que ele é o xerife? - Desfazendo a continência logo que o xerife entra e cumprimenta os demais com um sorriso. - Embora seja da família real, deve mostrar respeito pelos outros membros do Clã.


Manio: (vendo o lobisomem sobre o vidro que mostra a outra sala) Ele é o sujeito?


Roman: Sim, xerife Manio. 


Manio: Então irei interrogâ-lo. - Indo para a porta de acesso à outra sala, mas antes se vira e pergunta. - Soube que ele quer algo em que você está envolvido, Bruno. Gostaria de entrar comigo?


Bruno: Sim, xerife. Irei com o senhor.


Bruno dirige-se a sala junto de Manio. De frente para o lobisomem, senta-se Manio, e Bruno fica em pé ao seu lado.


Manio: Como se chama? - diz, e em seguida, apoia seus ombros sobre a mesa, e a fecha o punho sobre a palma da outra mão, e o olha fixamente.


Lobisomem algemado: Meu nome é Chanut


Manio: Chanut, quero que me conte exatamente o que fez aqui.


Chanut: Vim apenas dar um recado ao meu amigo, o nosso querido príncipe Bruno.


Manio: "Dar um recado ao meu amigo"? Acha mesmo que eu caio nessa? - Vira-se para Bruno. - Você o conhece? 


Bruno: É... não.


Manio: (virando-se olhando Chanut novamente) Ele não o conhece. Que tipo de amigo é esse que não o conhece? Engraçado isso.


Chanut: É que... é... bem...


Manio: Eu soube que tentou atacar uma mulher e seu filho, ambos do Clã, certo? E além disso dizem ao príncipe de nosso Clã para ir à um lugar que nem sabemos direito onde é ou quem possa estar lá. Quer mesmo conversar comigo com tanto cinismo?


Chanut: (ao ouvir tudo aquilo, cospe em direção à Manio, mas o cuspe para na mesa) Vá à merda, xerife! Fala com esse tom pois é seu Clã que está de pé, pomposo por ter vencido tantos outros Clãs. Não foi o seu Clã que foi dissolvido, mas agora será a vez de vocês, isso eu te garanto.


Manio: E o que os Guevaud estão tramando? Desembucha.


Chanut: Nada que lhe interesse.


Manio: Estou vendo que está mesmo afim de ficar numa de nossas celas bem confortadas, onde só comerá uma vez por dia e nem verá direito a luz do sol bater em sua cela. 


Chanut: Pode me prender. - Dá de ombros ao ouvir aquilo. - Sairei daqui mesmo.


Manio: Diga logo onde é o cativeiro das humanas. Que lugar é esse que querem que o príncipe de nosso Clã vá.


Chanut: É num depósito abandonado no centro da cidade, na rua anterior do Supremo Tribunal da República Ledana.


Manio se levanta e chama os demais soldados para levarem Chanut até a cadeia do gueto. Os soldados vêm para levar Chanut, que enquanto é levado não apresenta qualquer resistência, e Roman logo em seguida entra na sala. Os soldados dizem que talvez ele tenha sorte de sobreviver.


Manio: Diga, Roman.


Roman: Xerife, deveria se preocupar com a postura dele.


Manio: Não se preocupe, estou acostumado a ser desrespeitado das vezes que interrogo alguém. O cuspe daquele porco ao menos não veio em mim.


Roman: Não é quanto a isso que me refiro. Não achou estranho ele ficar calmo quanto a ir preso e saber que pode ser morto?


Manio: O que quer dizer? - diz pausadamente, mostrando estar pensativo. 


Roman: E mais, ele disse que não está preocupado em ir preso, pois disse que vai sair da nossa prisão. Juntando essa frase e a serenidade desse Gevaud, presumo que eles possam estar planejando uma invasão ao gueto.


Manio se mostra pensativo e preocupado ao pensar na possibilidade suscitada por Roman. Decide então chamar dois outros soldados que estavam na delegacia, e instrui ordens: Um deveria ir atrás dos soldados que levaram Chanut para a cadeia e instruí-los para matá-lo caso o gueto seja invadido, e outro avisar para os demais soldados de ficarem atentos. Ambos fazem continência e tomam sua forma de licantropo, seguindo para cumprirem as ordens.


Manio: Bruno, eu irei com você nesse lugar, e encaminharei mais um soldado para nos acompanhar.


Roman: Xerife, eu me ofereci para acompanhar o Bruno, caso aceite posso acompanhá-los e ...


Manio: Você é bom, mas é novo ainda, Roman. Quero que fique aqui na aldeia atento à qualquer possibilidade de invasão.


Bruno: Xerife Manio, peço para que o Roman venha conosco. Além dele ter se mostrado o melhor aluno em nossa escola, ele também é meu amigo. Não se esqueça que quero minhas amigas salvas.


Manio: Dentro do possível, posso ver o que faço para assegurar a vida de suas amigas humanas.


Bruno: Eu não gostei do tom que se referiu à elas. Elas são importantes para mim.


Manio: Eu entendo você perfeitamente. Você é igual seu pai quando se tratam dos humanos, mas lembre-se que não faz parte das leis do Clã garantir a segurança de humanos, mesmo que possuam alguma relação com o Clã.


Bruno: (suspira) Essas leis ... Por que elas têm que ser desse jeito? 


Manio: Foi nosso fundador que as prescreveu. Nós as obedecemos desde a fundação do Clã.


Bruno: E é por causa delas que vocês não podem garantir a segurança da Beatrice e da Milena. É por causa dessas leis que a mãe do meu irmão foi morta e nenhum de vocês se propôs a fazer nada.


Manio: (se aproxima de Bruno, e apoia a mão no ombro dele) Sei que está nervoso, acalme-se. Eu prometo fazer o que puder para elas serem salvas, tudo bem? Sua generosidade às vezes é uma virtude. Lembra muito ao seu pai.


Bruno: E eu sei que vocês eram amigos.


Manio: Tudo bem, podemos ir. O Roman apesar de novo é um soldado talentoso. Creio que possa ser um dos possíveis candidatos a tomar meu lugar um dia.


Bruno: Ouviu, Roman? Seus pais ficariam felizes em ouvir isso.


Roman: (um pouco sem jeito) Tem razão.


Manio: Bom, deixemos o momento fraternal para depois. Vamos ao que temos que fazer. A noite virá daqui umas duas horas, precisamos ir logo.


Os três saem da delegacia, e tomam a forma de licantropo para saírem pulando os telhados e correrem rumo à cidade. Logo que saem do gueto, tomam a forma humana e continuam a correr, pulando entre casas e estabelecimentos da cidade. Bruno lembra-se de seu irmão, que sempre se mostrou um guerreiro talentoso desde pequeno, exímio tanto em combate como excelente estrategista. Não vê seu irmão fazem oito anos, e embora saiba que ele esteja vivo, pretende reencontrá-lo, e isso o faz lembrar de Beatrice, que também quer revê-lo.


Enquanto isso, no depósito... Clovis caminha até seus homens até o quarto onde as garotas estão lá. Ele abre a porta e Arnaud deixa um prato de comida para cada uma delas. Ele serve um prato com arroz, lentilhas e carne de panela para elas.


Um dos lobisomens: Comam, é o que vão ter por hoje.


Clovis: Valens, ter certeza que pretende usar elas como moeda de troca com o príncipe dos Arcadia? Penso que elas poderiam fazer parte do banquete que pretendo fazer.


Valens: Não tem necessidade, eu não tenho nenhuma vontade em fazer nada com elas. Quero apenas honrar nosso Clã e te entregar a cabeça do Bruno. E mais, quanto maior for o número de desaparecidos que estiverem em nosso banquete, maior será nossa dor de cabeça caso os caçadores nos descubram.


Clovis: Espero que não tenha medo de caçadores. Afinal, o Clã Guevaud não teme caçadores.


Gramimond: Sinceramente, acho que odeio mais os caçadores do que os Arcadia.


Outro lobisomem: Meu caso é certeza.


Logo entra mais um Guevaud, sob a forma de licantropo e usando uma capa verde-musgo.


Clovis: Gontran, vejo que chegou na frente dos outros. O que tem a dizer?


Gontran: Chefe, nossos homens travaram confronto com os guetos lá das cidades do oeste que passamos. Um terço de nossos homens morreram em combate.


Ao ouvir isso, Clovis se enfurece e dá um soco de lado na parede. A parte onde ele bater racha, e a casca do cimento trinca e esfarela, caindo no chão. Milena ao ver aquilo fica assustada, por ela estar perto dali. 


Clovis: DROGA! Que o restante venha logo para executarmos nosso plano. Além do mais, outra parte de nosso Clã está do lado daquele traidor.


Valens: Ei, chefe, se acalma. Nossos homens morreram pelo nosso Clã, vamos honrá-los.


Clovis: Gostei de ouvir. Está certo, Valens. - vira-se de costas e começa e se retirar da sala, mas se vira antes para Valens. - Não me faça me arrepender de sua compaixão com essas humanas. E vacas, se uma de vocês ousarem meter caçador no meio, eu não vou comê-las, mas irei matar vocês.


Valens: Chefe, calma, não precisa ser grosso. Olha que humanas bonitas elas são, de repente se tratarmos bem elas até podem ajudar a perpetuar o futuro do Clã.


Os olhos de Clovis, ao ouvirem aquilo, arregalam. As palavras de Valens parecem lhe caírem com maior desgosto do que a morte de seus comparças. O impulso colérico de Clovis o faz socar Valens no estômago com força, ao ponto dele envergar no chão, e puxá-lo pelo cabelo para levantar.


Clovis: Nunca mais diga isso. Não quero sangue impuro aqui no nosso Clã. Está entendendo?


Em seguida, Clovis discursa para todos os seus seguidores.


Clovis: Se eu descobrir que algum de vocês cruzaram com algum humano, não só materei essa pessoa, MAS COMO VOCÊS TAMBÉM.


Gontran: Chefe, vamos logo caçar nossas presas. Voltei faminto do interior.


Clovis: Tudo bem, Gontran. Vamos à diversão.


Ao dizer aquelas palavras, Clovis se retira com todos daquele galpão. Beatrice e Milena comem com bastante calma, sem muito apetite por conta do psicológico abalado por conta do sequestro e da fúria de Clovis. Valens fica respirando fundo no chão, de joelhos, por conta do soco que levou. Beatrice sensibilizada olha para ele.


Beatrice: Ei, você... você está bem?


Valens ao ouvir ela, decide olhar também, ainda respirando pela boca.


Beatrice: Valens é seu nome. Está bem?


Valens: Tô bem. - Diz com a respiração voltando ao normal.


Vendo a conversa, Milena também decide conversar com ele.


Milena: Por que ele te tratou assim? Todos vocês seguem ele, por que ele faz isso?


Valens: Estamos em momentos difíceis, ele tem que ser rígido para nos impor disciplina e foco em nosso objetivo. E mais, o Clovis não é um cara de muita paciência. Com ele não tem muita conversa.


Milena: Mas o que vocês querem com o Clã do Bruno? E por que você quer matar ele?


Valens: Trinta anos atrás, o meu Clã e o dele travaram uma guerra. O meu Clã, por ser pequeno, perdeu. Em um dia mais da metade de nossos membros haviam morrido. Nosso líder e toda a nossa família real foi morta por ordem de Romulus, então rei dos Arcadia. 


Milena: Esse rei é avô do Bruno?


Valens: Sim, avô dele e do irmão dele. Romulus era conhecido como "Romulus, O Terrível" em vida, porque no seu reinado o Clã Arcadia travou confrontos com muitos Clãs, alguns deles sendo praticamente extintos. No caso do meu Clã, ele propôs um acordo para os soldados da época: Que os membros restantes dos Guevaud fossem incluídos no Clã Arcadia, e desde então, passamos a ser considerados membros do Clã Arcadia.


Ouvindo aquilo, Beatrice fica olhando o colar que ela tem, com uma pedra azul. Ela que, quando criança, fez esse colar e dois iguais. Ela os fez para dar um para Bruno e outro para o irmão dele, quando eles se distanciaram pelas leis do Clã. Segundo as leis do Clã Arcadia, os membros da família real devem, aos dez anos de idade, serem "emprestados" para outras famílias do Clã, de modo a fazer seus integrantes a criarem maios empatia e fraternidade pelo Clã, conhecendo melhor aqueles que podem ser seus súditos. Para que lembrassem da vida deles em Arveno. 


Beatrice: Eu não quero que o Bruno morra. 


Valens: Eu sinto muito. Vocês pelo visto são legais, mas eu preciso fazer isso pelo meu Clã. Já consegui com que pudessem sair com vida daqui, mas é só o que posso fazer por vocês.


Valens em seguida se reergue e sai daquele quarto, vendo que está para anoitecer.


Chegado ao anoitecer, Manio juntamente de Bruno e Roman chegam ao galpão endereçado para eles, numa parte periférica do centro de Saboya. Bruno, querendo entrar, se leva pela vontade de ver suas amigas e se aproxima da porta, mas Manio o interrompe pondo seu braço na frente dele.


Manio: Tenha calma. Não sabemos quantos deles estão lá. 


Sendo cauteloso, Manio toma os passos perto do portão de metal e bate nela.


Manio: Fiquem perto de mim e atentos na retaguarda. - Bate com a mão novamente no portão. - Tem alguém aí?


Em seguida, a porta é aberta, e Valens está para recebê-los.


Roman: É você. O garoto que estava no hospital ontem, no gueto.


Valens: Bom, vejo que o Bruno veio.


Bruno: Vim acompanhado, espero que não se importe.


Valens: Estou aqui sozinho, mas vejo que você foi esperto em não dar cara à tapa sozinho. Bem, podem entrar.


Manio dá um sinal com a cabeça, fazendo que "sim". Ele entra em seguida com Roman e Bruno, e Valens fecha o portão e os acompanha até o pátio do galpão. Roman e Bruno seguem as instruções de ficarem atentos, mas Manio faz o mesmo e se mostra preparado para possíveis ataques ao se transformar na sua forma de licantropo, na qual seu corpo adquire uma pelagem castanha clara com alguns fios grisalhos notáveis. Roman decide fazer o mesmo e toma sua forma de lobisomem. Chegados no pátio, Valens dá um salto no ar e se aproxima no meio de Beatrice e Milena.


Valens: Estão estão seguras, como prometemos. - Ele dá um tapa na bunda das duas. - Garotas, podem ir. 


Beatrice: Seu tara...


Milena, vendo que sua amiga se irritaria com a atitude, pega no pulso dela e sai correndo com ela em direção ao Bruno.


Bruno: Garotas, fico feliz que estejam a salvo.


Valens: Fiz minha parte, agora você terá que lutar comigo, Bruno.


Bruno: E o que te fiz? Posso saber? 


Valens: Digamos que sua cabeça vale muito ao nosso Clã.


Manio: Fedelho, qual seu nome?


Valens: Fedelho é a puta que te pariu, me respeita! - Valens adquire sua forma de licantropo e continua a retrucar. - Meu nome é Valens.


Manio: Valens, certo ... O que fez vocês do Clã Guevaud a traírem o acordo com nosso Clã?


Valens: Nosso chefe, Clovis, nos fez lembrar que temos um orgulho próprio, e não devemos deixar que outro Clã mande em nós. Falar de se adaptar é fácil, sendo que os opressores foram vocês. Agora sem papo, quero lutar contra você, Bruno.


Ao ouvir, Bruno vira sua cabeça para seus amigos de Clã e suas amigas humanas.


Bruno: Levem elas embora daqui. Eu aceito o desafio dele.


Beatrice: Bruno...


Bruno: Vão embora.


Roman: Eu fico.


Manio: Eu levo as duas para um lugar seguro. Roman, fique atento para caso mais alguém esteja aqui.


Roman: Sim senhor, xerife. 


Ao dar suas ordens, Manio deita as duas em seus ombros, cada uma em um. Ele caminha para a parte externa do galpão e salta sobre a porta, levando as duas pela cidade pulando pela parte superior das casas. Sabendo que Manio já está longe, Bruno adquire sua forma de licantropo, e vê Valens correndo em sua direção e decide ir junto. Ao se encontrarem, Bruno desfere um soco em direção a Valens, que o acerta com um chute certeiro na barriga e depois um no rosto que o arremessa para trás. Bruno gira o corpo no ar para cair de pé e corre em direção à Valens, que ao visar dar outro chute é surpreendido por um pontapé certeiro no joelho, que o faz quase cair, mas crava suas presas nos braços de Bruno. 


Sentindo as garras de seu adversário atravessarem a carne de seus braços, Bruno faz o mesmo nos ombros dele, e aproveita o momento para o surpreender com uma cabeçada que acerta o seu nariz. Isso faz Valens cair no chão, com o nariz quebrado, mas ele logo recompõe o nariz e regenera as marcas de unhas que afundaram em seus ombros. As marcas das garras de Valens também regeneram nos braços de Bruno. Sim, a regeneração é uma capacidade que os lobisomens possuem, sendo ativada automaticamente após ferimentos. Sua rapidez e eficácia depende de lobisomem para lobisomem, sendo que alguns conseguem regenerar cortes mais profundos, e outros conseguem religar membros inteiros amputados.


Levado pelo seu ódio, Valens volta com tudo indo desferir um soco em Bruno, Fechando a guarda, Bruno bloqueia o soco que receberia de lado em sua cabeça, e estica um dos braços para acertar um no queixo de Valens, mas este logo recua para o lado e pega pelo pulso de Bruno, virando-o para que ele gire o corpo e acerta Bruno com dois chutes em suas costelas, fazendo-o cair no chão enquanto Valens começa a pisotear sua cabeça e chutar seu tronco. 


Valens: Isso é pelo o nosso Clã! Seu avô fez isso com nossa família real, e agora faremos isso com a família real de vocês.


A cena que Roman presencia o faz lembrar que Bruno não gosta de recorrer à violência, o que o sempre fez ser meio acanhado com os treinos. Pretendia deixar o amigo lutar, mas sua preocupação o faz intervir. Ele salta no ar e chega com uma velocidade que Valens, ao perceber, não consegue ter tempo de recuar, e recebe uma voadora que pega certeiramente com o pé em sua cara, e quando Valens está caindo Roman gira o corpo para acertar-lhe com outro chute. Valens consegue ficar de bananeira e dar uma chave de perna na cintura de Roman, o jogando no chão ao cair novamente, e o acerta com o braço acertando o abdômen dele com tudo. 


Roman pega o braço de Valens, mas ambos se levantam do chão em seguida, e começam a trocar socos e chutes. Roman é habilidoso em se esquivar e em se defender, e desfere muitos socos com precisão e rapidez em recompor sua guarda. Valens bloqueia muitos dos socos, e retruca a maioria dos golpes com chutes e alguns socos, gingando o corpo para se esquivar quando puder. Para auxiliá-lo, Roman tira do bolso de seu uniforme uma faca onde está gravado na ponta o emblema do Clã Arcadia.


Valens: Vai apelar?


Roman: Não existe regras numa luta.


Valens: Eu concordo. - E retira, do bolso de sua bermuda, também uma faca igual. - E o que acha de irmos de igual para igual em? No mano à mano?


Ambos voltam a se atacar, mas enquanto com uma das mãos bloqueiam ou dão socos, com a outra procuram acertar o outro com golpes de faca. Ao notar melhor em detalhes a faca de Valens, Roman se surpreende com o emblema do Clã nela. Na verdade, ele se surpreende com a faca ser igual a dele. Mas ao ficar distraído com isso, Valens quase o acerta no peito, mas Bruno aparece e empurra o corpo de Roman, o jogando pro lado e torcendo o braço de Valens. 


Bruno: Essa faca... como você tem uma faca dessas? Você sabe o que ela quer dizer!


Valens: Devo abrir o jogo com vocês pelo visto. 


Bruno: O que quer dizer? - Diz enquanto faz esforço para segurar o braço de seu adversário.


A força com que Bruno segura Valens não é o bastante para o deixar totalmente imóvel, sendo que Valens possui bastante força física e o tempo todo mostra resistência, mas a faca escorrega de sua mão e cai no chaõ.


Valens: Minha mãe é uma Arcadia, é isso que queriam saber?


Roman: Isso quer dizer que isso o torna um de nós. 


Bruno: Por quê está fazendo isso com um Clã no qual você também faz parte? 


Valens: EU NÃO SOU UM ARCADIA! - Seu grito mostra sua emoção exaltada. - EU SOU UM GUEVAUD. EU DEVO HONRAR MINHA FAMÍLIA, MEU LEGADO, MEU CLÃ. É À ELES QUE EU SIGO, QUE EU QUERO REESTABELECER.


Ao ouvir isso, Bruno se enfurece e dá um soco no meio da cara de Vales, e o acerta com um soco cruzado novamente com a mesma mão e faz ele se ajoelhar e se retorcer com o braço dele sendo torcido. 


Bruno: Você fala em honrar seu Clã, mas você também tem o nosso sangue. Quem é você para dizer em honrar o Clã?


Valens: Cala a boca, você não sabe nada ao meu respeito.


Bruno: Eu sei que sua mãe era uma de nós. Quer mesmo matar milhares de pessoas que tem laços com ela? 


Valens: Ela quem foi quem me criou, mas quem me deu maior assistência foi o chefe e os seus seguidores. Vocês falam em incluir a gente no Clã, mas cadê que mostraram alguma prova disso? Mal vejo soldados que tenham sangue Guevaud, e nem cargos de confiança temos direito. Clovis nos fez lembrar que temos um orgulho próprio, e devemos restabelecer o Clã para isso. Minha coitada nunca fez muita coisa, mesmo sabendo que seu filho se encontra nessa situação.


Bruno: Você ao menos tem uma mãe. - Seu tom é triste ao dizer isso.


Valens: (vendo a expressão de seu adversário) E a sua? Não vai dizer que...


Bruno solta o pulso de Valens, mas Valens logo tenta o atacar com a faca, e Roman grita para deixar Bruno atento. Atento da situação, Bruno desvia, e quando Valens tenta o atacar, recebe um soco certeiro na cara.


Bruno: Minha mãe morreu.


Valens: Em luta? Defendendo o Clã nojento de vocês?


Bruno: Ela era uma humana. 


Ao ouvir, Valens acerta Bruno com um chute na cabeça e depois um soco que o faz cair no chão.


Valens: Isso o torna um sangue impuro então. Quem diria, logo o príncipe.


Bruno: Meu pai lutou a vida inteira dele querendo criar uma boa ponte entre os membros de nosso Clã e os humanos, e com outros Clãs também.


Enfurecido, Valens monta-se sentado por cima de Bruno e esmurra a cara dele, mas Bruno segura um dos braços dele e o soca pela barriga.


Roman: Valens, isso é verdade. Pouco antes de morrer, Romulus, avô do Bruno, havia decretado uma lei que incluía os membros do seu Clã totalmente. Clovis está errado, peça para ele se lembrar de 1992, oito anos atrás, quando os membros do Clã Guevaud. O próprio opressor de vocês viu que vocês deviam ser incluídos no Clã. 


Valens: NÃO IMPORTA, AINDA SIM NÃO É NOSSO CLÃ! SE NÃO FOSSEM OS CONSELHEIROS ELE NEM TERIA CONSIDERADO ISSO.


Bruno se aproxima para o cabecear de novo, mas Valens abraça a cabeça dele com um dos braços e começa a esmurrar a cabeça de Bruno. Sendo pressionado no torço de seu adversário, Bruno uma hora começa a sentir dificuldade de respirar, e os socos o fazem ficar mais tenso para se soltar dali. Decide, porém, cravar suas garras no abdômen dele, e depois, tira uma das garras e as crava, com os dedos juntos, no meio da barriga dele, como se as unhas formassem uma faca. Esse último golpe basta para Valens o soltar e gemer de dor, e com o joelho Bruno o faz sair de cima dele e corre em seguida de direção de Bruno. Ao ver seu inimigo levantar, Valens crava sua faca na coxa dele, fazendo com que a faca desça e rasgue um pouco por sua coxa. Bruno começa a mancar, e cai nos braços de Roman.


Roman: Está bem?


Bruno: (um pouco gemente) Já está regenerando, mas ele enfiou a faca para valer.


Roman vira o rosto para ver como está Valens, e o vê ainda no chão, se recuperando mas ainda fraco e vulnerável.


Roman: Agora é a oportunidade de matar ele. Aproveita, se quiser, eu faço isso por você.


Bruno: Não, não iremos fazer isso.


Roman: Por quê? Agora é uma chance perfeita.


Bruno: Porque...


Antes mesmo que Bruno pudesse terminar a resposta, Roman avista uma garrafa com fogo começa a cair. É um coquetel molotov, lançado do telhado do galpão. A garrafa cai e começa a pegar fogo ali no pátio. Valens como estava imóvel não consegue se mexer por conta da dor do golpe em sua barriga e de suas células se regenerando, mas por estar mais longe, nenhum caco de vidro da explosão da garrafa o acerta. As chamas ficam perto de Roman e Bruno, mas alguns cacos de vidro acertam a as costas e ambos, principalmente de Bruno. Estando fraco, Bruno começa a ser carregado por Roman nos braços, e ele pula passando pelo muro e corre em direção de volta ao gueto. Vendo que outros lobisomens do Clã Guevoud correm em seu lado para o atacar, na mesma hora aparecem alguns de seu Clã (dando para reconhecer seus uniformes) para combates os ditos inimigos. Manio aparece do lado de Roman, correndo com ele.


Manio: Ainda bem que me precavi e avisei soldados para que partissem uma hora depois de nós nesse lugar.


Roman: Eles estavam de plantão aqui?


Manio: Sim. Como eu disse, não se pode confiar no adversário.


O Bruno fica um pouco gemendo de dor. A regeneração dos cacos que o acertaram começa a fazer que os cacos caiam um por um de suas costas.


Manio: Bruno: Relaxa que você ficará bem, mas o levaremos ao hospital para ver se está em dia. Roman, você também vai passar por consulta assim que chegarmos.


Roman: Tudo bem, pode deixar.


Enquanto isso, o galpão continua a pegar fogo. Valens está lá deitado, mas Arnaud e Gramimond aparecem para o tirar dali, e o levam até Clovis, que está na praça em frente ao galpão assistindo o lugar desabar com as chamas.


Valens: Chefe, desculpa, mas não consegui matar o príncipe.


Clovis: Não tem problema. Quando tomarmos o gueto a gente pega ele. 


Gramimond: Chefe, e os preparativos para o banquete?


Clovis: O restante do bando está indo atrás disso.


Desde o início da noite, os comparsas de Clovis se espalharam por toda Saboya para raptar pessoas aleatórias, que sirvam de alimento para eles até o dia anterior ao pretendido para a invasão ao gueto. O lugar que eles vão alojar é outro diferente do galpão, sendo que Clovis escolheu lugares estratégicos por toda cidade para o Clã se encontrar. O galpão era apenas um deles. 


Num bairro mais movimentado, um casal está no carro com seus filhos pequenos. O casal aparenta estar na faixa dos trinta anos, e os filhos devem ter no máximo seis ou sete anos. Voltando para a casa, enquanto passam por uma rua mais vazia, eles se deparam com dois lobisomens de pelugem castanha-alaranjada pularem sobre o carro deles. Um deles faz um corte no teto do carro com as garras e pretende o abrir. Paralisado pelo medo, o homem fica parado, com as mãos tremendo. Sem que esperem, eles escutam barulhos de tiro, e o lobisomem que antes estava abrindo o teto cai morto sobre ele. O outro avista um homem há uns metros atrás do carro, e decide ir até ele o atacar.


Do lado do vidro do carro, dois garotos de aparentes dezoito anos, usando sobretudos cinza com a insígnia de caçadores no peito esquerdo conversa com eles.


Raphael: Boa noite, cidadãos. Me chamo Raphael e sou caçador. Meu colega e meu supervisor estamos dando conta do recado. Podem continuar com sua rotina e fiquem atentos. 


Logo em seguida, ele fica atento ao outro lobisomem ir atacar seu chefe, mas dá um tiro que acerta o lobisomem Guevaud pelas costas. O colega de Raphael o segue, e quando o lobisomem tenta atacar o supervisor deles, o mesmo retira um soco inglês de seu bolso, que possui uma lâmina, e dá um soco que faz a lâmina descer pelo bucho dele e deixar o lobisomem no chão agoniando de dor. Os dois caçadores que o acompanham se aproximam para atirar.


Raphael: Podemos atirar, supervisor Marco?


Marco: Não. Vamos prendê-lo primeiro. Quero primeiro a gente pergunta, depois atira. Victor, algeme ele ainda enquanto se recupera, antes que o efeito das balas de prata passe.


Victor, o caçador que estava ao lado do Raphael, pega uma algema de seu bolso e pega o lobisomem pelos pulsos, algemando-o. Ao ver que o mesmo resiste, Marco saca uma arma de choque enquanto guardava a sua arma de fogo, e atira-a para enfraquecer o lobisomem, facilitando que Victor o algeme.


Marco: Vamos levá-lo ao carro. Tenho perguntas para fazer à ele. 


Enquanto Raphael e Victor se ajeitam para levar o lobisomem ao carro deles, Marco se aproxima do cadáver do outro lobisomem que atacava o teto do carro, agora atirado na sarjeta. Ele sente a chuva começar a cair, e olha o corpo daquele lobisomem.


Marco: (pensando: Faz tempo que lobisomens não causam transtornos tão grandes. Desde que começou a ficar de noite, começamos a receber denúncias de sequestro desses lobisomens, todos com os pelos da mesma cor que esse e o outro no carro. O que deve estar acontecendo?)


Em seguida, Marco se direciona ao seu carro, para que possa levar o lobisomem capturado para ser interrogado.


[Próximo capítulo]



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Autor(a): kaiferreira

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